Na Rua do Pinheiro

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Literatura dos Melhores Escritores do Mundo (Cont.) O Monstro do Barco Pirata

Capítulo escrito e ilustrado pela turma da professora Paula (o I capítulo foi postado em 23.08.2010)


O MONSTRO DO BARCO PIRATA

Pérola e Rubi estavam sentados numa rocha à frente da sua casa feita de algas e de flores marinhas.
A sereiazinha estava triste, porque há muito tempo que não tinha uma aventura.
Rubi, como pressentia que a sua amiguinha estava com uma nova ideia, disse-lhe:
- Pérola, não estejas a pensar em sarilhos. Sabes bem que quando entramos numa aventura, temos sempre problemas.
- Mas há tanto tempo que não saímos daqui. Rubi, até pensei que em vez de irmos para a superfície, podíamos ir até às profundezas do mar.
O Rubi pensou no assunto e concluiu que tinha de a acompanhar para a ajudar no que fosse preciso.
Assim foi. Partiram, depois de fecharem as portas de casa e de cerrarem as cortinas das janelas, porque os peixinhos do mar poderiam ocupar a sua casa e quando voltassem teriam cardumes espalhados por todo o lado.
Desceram até muito fundo e começaram a notar que deixava de haver peixinhos de todas as cores, assim como plantas marinhas que há à superfície. Começaram a ficar assustados, porque cada vez estava mais escuro.
Rubi disse:
- Pérola, vamos embora!
- Nem pensar! Conseguimos chegar aqui e não vamos desistir. Quem sabe se descobrimos algum tesouro?
Desceram um pouco mais e o que viram deixou-os espantados e curiosos. À sua frente estava um navio pirata que se tinha afundado. Era grande, muito grande, estava quase todo destruído, a bandeira preta dos piratas estava toda rota, mas ainda se notava a caveira pintada na mesma.
Por um momento, ficaram sem saber o que fazer. Rubi disse:
- Vamos embora, que ali pode haver fantasmas.
- Não sejas tontinho! Pode é haver um tesouro.
E começou a andar em direcção ao navio. Lá dentro estava muito escuro, que metia medo. Havia algas por todo o lado agarradas à madeira do navio. Dentro duma arca, encontraram um mapa e duas espadas.
- Vamos tentar interpretar o mapa para sabermos onde está o tesouro.
Quando estavam debruçados sobre o mapa, sentiram qualquer coisa que estava atrás deles. Viraram-se e o que viram encheu-os de terror. Era um monstro marinho, parecido com um peixe balão, com uma luz intensa num unicórnio que tinha na cabeça. A cauda era tão comprida que dava várias voltas.
onvés do navio, levando as espadas consigo.
O monstro aproximou-se, ameaçador. Pérola empunhou a espada frente a ele, o monstro conseguiu esquivar-se, mas mesmo assim tentou falar com Pérola e Rubi.
- Esperem. Eu não quero fazer-vos mal. Deixem-me falar convosco. Eu sou o monstro Bizarro.
Pérola e Rubi ficaram de boca aberta. O quê!? Um monstro a falar!!
Então, o monstro aproximou-se e explicou:
- Sabem, quando este navio se afundou, eu estava perto e vi tudo. Pensei logo que finalmente tinha uma casa para viver. Até falei com o capitão do navio e prometi-lhe ser o guardião do navio e do tesouro. Assim, a minha vida mudou, pois a partir daí, fiquei com uma promessa que tenho de cumprir.
Pérola pensou que, realmente seria muito triste se ela vivesse isolada nas profundezas do mar, sem companhia e saber que lhe poderiam tirar a sua casa. E disse:
- Está bem. Deves ter essa ocupação para não te sentires inútil. Nós não levaremos o tesouro, porque é teu, mas ficamos teus amigos e prometemos-te que viremos visitar-te e brincar contigo.
O monstro pegou numa espada e, dando-a a Pérola, disse:
- Esta espada é vossa. Será uma lembrança desta vossa aventura.
Pérola e Rubi voltaram para casa. Estavam cansados, mas felizes. Iriam pendurar aquela espada na parede da sala. A espada era muito afiada e cravejada de rubis que brilhavam.
Chamaram os seus vizinhos peixinhos para lhes contarem o que tinham passado. Todos ouviram com atenção. Era uma história linda e a espada ficava muito bem pendurada na sala.
Diz um peixe palhaço:
- Estás sempre a meter-te em sarilhos, mas acaba sempre tudo bem, com um final feliz. Mereces que te façam uma festa!


Um grande XI - coração!



quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A Mochila do André



A mochila do André estava sempre desarrumada. Lá dentro, como devem calcular, tinha todo o material que fora comprar com a mãe à papelaria do senhor Abel. O senhor Abel era um velhote simpático, de olhos pequeninos por trás de uns óculos com lentes muito grossas. Tinha sempre uma pequena lembrança para dar às crianças. Até já oferecera ao André dois livros do Pateta. Por toda a loja amontoavam-se os livros e os cadernos e em cima do balcão todo o tipo de lápis e canetas.
Compraram:
lápis de cor,
sem cor e
canetas de feltro,
uma esponja,
um bico esquisito,
um frasco de cola,
uma tesoura sem bicos,
papel celofane, vegetal e de cartão,
uma borracha,
cadernos com linhas, sem linhas e aos quadradinhos,
um afia lápis,
um livro para ler, outro para escrever,
mais dois ou três para aprender coisas com nomes estranhos,
um estojo com o desenho do Rato Mickey,
uma esferográfica azul, outra preta e ainda uma outra vermelha,
uma régua de plástico.
Uff! Todo aquele material trazia André na mochila vermelha e na mais terrível desarrumação que se possa imaginar!
A mãe estava sempre a chamar-lhe a atenção para a necessidade de limpar e organizar a mochila.
- André, mete os lápis de cor na caixinha…
- André, desdobra as folhas do livro de leitura…
-André, as aparas dos lápis são para o lixo e não para o fundo da mochila…
-André, põe as tampas nas canetas e no frasco de cola...tens os cadernos todos riscados e a pegarem-se aos dedos…
Mas qual quê! André gostava muito mais de rasgar as folhas do caderno e com elas fazer chapéus, barcos e aviões a jacto que depois iam aterrar no fundo da mochila. Achava muita graça ao facto dos cadernos se pegarem aos dedos e não caírem. Com vaidade mostrava essa magia aos amigos.
Naquela noite, depois de o André adormecer, algo de extraordinário aconteceu. A luz do luar entrava pela janela e batia suavemente na mochila aberta sobre a cama.
Começaram a ouvir-se vozes tão fininhas que mais pareciam vozes de duendes ou de anõezinhos. André acordou com o ruído. De início pensou que seria o ruído da televisão na sala ao lado. Mas não. As vozes estavam bem perto de si, parece até que vinham de dentro da mochila! Olhou para a mochila e o que viu fez com que abrisse os olhos de espanto. Todo o material saía de dentro dela, numa grande aflição. Os lápis e as canetas atropelavam-se na bolsa pequenina, dando gritinhos nervosos.
- Temos de sair daqui. - Dizia uma caneta de feltro amarela enquanto saía por uma das fivelas.
- Eu não consigo dormir! É impossível! – Queixava-se a borracha escorregando para fora da mochila pelo papel celofane.
- É demais! – Gritava a esferográfica azul – Onde está a minha tampa?
- Está ali a agarrar-se ao lápis de cor verde para sair – respondeu a esferográfica preta.
- Não, não. Aquela tampa não é minha é da esferográfica vermelha.
O tubo de cola tentava escorregar pela régua de plástico, mas por mais que se esforçasse não arredava do mesmo sítio.
- Quero sair! Quero sair! – Gritava
- Como queres sair se escorres cola por todos os lados? Tens de descobrir a tua tampa.
- Como a vou encontrar neste labirinto!

 O André esfregou os olhos. Estaria a sonhar? Não, não era um sonho porque tinha os olhos bem abertos!
- Quem s…são vo…vocês…?
- Eu sou a Borracha Dançarina – respondeu a borracha, zangada – mas devia mudar o nome para Borracha Pastosa pois esqueceste-te de fechar o tubo de cola e escorreguei nela, ficando toda peganhenta… Olha bem para o meu aspecto. Já nem posso apagar os riscos que fazes nos cadernos!
- Eu sou o Lápis Bicudo! Ou por outra, fui um lápis bicudo pois tu já não me afias o bico há muito tempo – respondeu um dos lápis de cor a chorar.
- Eu chamo-me Caneta Perneta… - Vê bem a minha sina. Era uma caneta tão jeitosa e tu não descansaste enquanto não partiste a carga.
- Eu sou o Caderno Sabichão, e só não sou sabichão porque tu nada escreves nas minhas folhas, só as rasgas para fazeres bonecos de papel que depois deixas espalhados no fundo da mochila.
- Eu sou a Régua Atleta. Mas o meu corpo escultural está todo peganhento aqui do Senhor Tubo de Cola.
- Eu sou o Afia Redondinho. Deixaste dentro de mim o resto do bico do Lápis Bicudo e agora não consigo trabalhar mais.
- Temos aguentado tudo – tornou a dizer a Borracha Dançarina – mas o que nos fizeste hoje foi terrível! Temos todos de sair daqui o mais depressa possível! Não aguentamos mais.
- O que foi que eu fiz? – Perguntou André aturdido com tudo o que se estava a passar.
- Não sabes? Procura bem e verás!
- Cheira-te bem?
- Não sentes agonias?
- Estás com o cheiro apurado?
- Há quanto tempo não olhas para dentro da mochila?
Na manhã seguinte André acordou com uma sensação esquisita. O sonho que tivera dava que pensar. Nunca tivera um sonho que lhe parecesse tão real.
Correu para a mochila e abriu-a. De dentro vinha um cheiro horrível que lhe deu volta ao estômago. Apertou o nariz com força. Sentiu-se estonteado, não percebendo o que se passava. Olhou para dentro da mochila fazendo um esforço enorme para aguentar aquele cheiro. Oh! Tinha-se esquecido de deitar para o lixo o resto da sandes de carne, com queijo e maionese! Levara aquela sandes para a escola uns dias antes, não sabia precisar quantos. A carne e o queijo estavam cheios de bolor e a maionese mostrava uma pasta amarelo-acastanhada, nauseabunda. O pão endurecera e as suas migalhas espalhavam-se por todo o material escolar.

O André lembrou-se do sonho que tivera. O Lápis Bicudo, a Borracha Dançarina e todos os outros deveriam ter passado um mau bocado com aquele cheirete.
Chegara a altura de organizar tudo convenientemente dentro da mochila. Tudo limpo e arrumado.
A partir daquele dia, a mochila do André nem parecia a mesma. Os lápis afiadinhos pelo Afia Redondinho, depois de lhe ter tirado o bico partido, que tinha ficado esquecido. As canetas sempre cobertas com as tampas respectivas. O tubo de cola nunca mais se pegou aos dedos, aos cadernos e à Régua Atleta. Enfim, tudo tão arrumadinho e limpo que a Borracha Dançarina passava os dias a dançar dentro da mochila.

                                                                              Eugénia Edviges

Um grande xi - coração

terça-feira, 21 de setembro de 2010

O Cozinheiro Comilão

Às vezes é difícil fazer um bolo, principalmente quando não se é grande cozinheiro (como eu) ou quando há um cão e um gato por perto. Vejam o que aconteceu ao cozinheiro Comilão, quando pensou em fazer um bolo de natas:

O cozinheiro Comilão
Com um bigode farfalhudo
pensou em fazer um bolo
Com acúcar, ovos e tudo.

E retirou do armário
uma enorme tijela
E tudo o que era necessário
para o bolo confecionar:

um jarro cheio de leite,
500 gramas de açucar,
e metade de farinha,
três folhas de gelatina,
bananas para decorar
o bolo à sua maneira.
dez ovos da capoeira,
natas frescas para barrar.
Estava tudo reunido
para o bolo começar.
faltava pôr o chapéu
e à frente o avental.
Para sentir o ar fresco
abriu a porta do quintal.

Mas o cão que é matreiro
e andava ali por perto
viu o gatinho Tareco
e vá de o perseguir.
- Que fazer? - pensa o Tareco
- Vou fugir para a cozinha!
Deu um salto para a mesa
pôs as patas na farinha.
Vem o Farrusco a ladrar
e ao Tareco assustar.

Ladra o Farrusco ao gatinho
que vai aterrar certinho
nos braços do cozinheiro.
Este não sustém as pernas
escorrega no tapete
e com um grande brilharete
foi com a cara bater
nos dez ovos redondinhos.

O gato voltou para a mesa
resvalando sobre as natas
E o cão sempre a ladrar
Tentando chegar-lhe as patas.

Com tamanha confusão
Está claro que o açúcar
bem como o jarro do leite
se espalharam pelo chão.

Era um quadro assustador:
Cascas e gemas de ovos
na cara do cozinheiro,
o Tareco cheio de natas
nos bigodes e nas patas.
O açúcar era tanto
misturado com o leite
Que o Farrusco que era preto
passou a ter pelo branco.

O cão cansou-se por fim
e afastou-se vaidoso
com o rabo a dar a dar
O gato pulou então
Da mesa para o chão
Indo no leite aterrar.


Já não há bolo fofinho!
O cozinheiro Comilão
Sentou-se triste no chão
A comer uma banana.
Estava tudo perdido!
E assim deixou de ser
cozinheiro Comilão
Passou a ser
cozinheiro Trapalhão!

                                                         Eugénia Edviges

Um grande XI-    

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Literatura dos Melhores Escritores do Mundo (Cont.) Perigo na Praia

Capítulo escrito e ilustrado pela turma do professor Óscar
Perigo na Praia


A sereia Pérola, depois da última aventura com o seu amiguinho Rubi, sentia-se muito triste, porque estava sozinha sem ter ninguém para brincar nem tinha novos amigos. Chamou o Rubi e perguntou-lhe:
- Rubi, queres ir comigo conhecer novos amigos?
- Lembras-te do que aconteceu na última vez que fomos à descoberta? Íamos sendo comidos pelos tubarões!
- Mas Rubi! Eu quero conhecer as crianças que costumam estar na praia a tomar banho!
- Como podes brincar com elas? Não podes sair da água, porque as crianças, se te virem, fogem de ti.
Pérola tanto insistiu que o Rubi concordou com ela e lá partiram os dois em direcção à praia. Nadaram alguns quilómetros e estranharam não avistarem a costa. Já estavam a ficar assustados com receio de se perderem.
- Pérola, temos de pedir ajuda! Eu vou soltar o meu grito de ajuda. E o Rubi começou a soltar o seu som tão conhecido. O som era tão forte que uma baleia azul que andava perto a passear a sua cria, o ouviu. A baleia seguiu aquele som e foi dar com os amiguinhos, que estavam aflitos.
- Subam para o meu dorso. Eu vou levá-los até à costa. E assim foi. Pérola e Rubi seguiram até à praia em cima da baleia azul.
Dentro de água havia muitas crianças a brincar. Pérola aproximou-se e pediu às crianças para brincar com elas. Durante algum tempo Pérola ficou muito feliz! Finalmente tinha crianças para brincar. Mas as crianças começaram a estranhar Pérola não ir para a areia da praia fazer castelos de areia. E perguntaram-lhe:
- Queres vir para a praia brincar connosco?
Ela respondeu:
- Não posso…Não posso sair da água…
Foi então que uma das crianças mergulhou e ficou assustada porque lhe pareceu que aquela menina tinha uma cauda em vez de pernas! Pérola como viu que as crianças já tinham visto a cauda pensou no que poderia fazer. Finalmente, surgiu uma grande onda com muita espuma que a escondeu, arrastando-a para trás de uma rocha. O golfinho que tinha ficado à espera da sereia, reparou no que se estava a passar na praia e ficou aflito pela sua amiguinha.
- Que hei-de fazer? – pensou ele.
No sítio onde está Pérola não poderá sair sem que as crianças a vejam. Se isso acontecer Pérola nunca mais terá a sua vida no mar. Toda a gente quererá estudar o corpo dela, fechá-la num aquário gigante para lhe fazerem testes e possivelmente morrerá.
Rubi teve então uma grande ideia, ideia essa que pôs em acção: chamou novamente a baleia azul e pediu-lhe para o ajudar naquele problema. O que fizeram foi o seguinte: a alguns metros da praia tanto o Rubi como a baleia azul começaram a fazer coisas engraçadas: saltaram, faziam acrobacias, a baleia esguichava água e o golfinho soltava os seus guinchos característicos.
Todas as pessoas que estavam na praia aproximaram-se da água e ficaram espantadas a ver o que os animais faziam. E foi nessa altura que Pérola, aproveitando a distracção de toda a gente, conseguiu escapar dos olhares das pessoas.
Voltaram felizes para casa. A baleia azul deu-lhes novamente boleia. Lá seguiram em cima da nova amiguinha com a cria nadando ao seu lado.
“Como é bom voltar a casa!” - pensou a sereiazinha.
Logo que chegaram, o peixe palhaço, o peixe-gato e o cavalo-marinho que eram seus vizinhos, vieram dizer-lhes que estavam contentes por terem voltado sem nenhum problema.
- Que isto te sirva de lição! – disse o Rubi.
- Vamos ver…! Logo se verá!

Desporto na Quinta

Segue a pequena peça de teatro que escrevi. Todas as crianças que foram à zona ribeirinha de Benavente no dia Mundial da Criança viram a peça ser representada num fantocheiro, com bonecos feitos na biblioteca.


DESPORTO NA QUINTA

NARRADOR: Na Quinta do Lá Vai Um nada se passava. Os dias eram lentos e as noites compridas. E os animais da Quinta andavam muito aborrecidos por não terem nada que fazer.
PATO GOLIAS: Mano Gaspar, que achas de tomarmos uma banhoca?
PATO GASPAR: Boa ideia! Acho que é mesmo a única solução…para desenferrujar as patas…
NARRADOR: Era assim de meia em meia hora. Mergulhavam no tanque, davam quatro braçadas, ou por outra quatro patadas e, de cabeça erguida voltavam a sair da água para se aquecerem ao sol. Na capoeira era um alvoroço.
TODAS AS GALINHAS: Cócórócócó! Cócócórócócó! Cáquiricácá! Cáquiricácá!
NARRADOR: Que barulheira! O galo Semedo e a galinha Corada que tinham sido pais há poucos dias, gritavam:
GALO SEMEDO: Pouco barulho!
GALINHA CORADA: Os nossos filhotes querem dormir!
OUTRA GALINHA: Que queres que façamos? Não temos nada para fazer. Só nos resta cacarejar!
GALO SEMEDO: Pois, cacarejam, cacarejam, e não se lembram que as nossas criancinhas precisam de silêncio para descansarem…
PINTAINHOS: Mamã! Papá! Vamos lá para fora, para a relva fresquinha…
GALINHA CORADA: O papá e a mamã estão cansados…
PINTAINHOS: Só um pouquinho mamã…só um pouquinho papá….
GALO SEMEDO: Está bem… só um pouquinho…
NARRADOR: Saíam enfim da capoeira. Os filhotes saltitavam atrás dos pais, de asinhas pequeninas em voo descontrolado, tentando acompanhá-los. E ficavam parados debaixo do alpendre à espera que o barulho lá dentro acalmasse.
Farrusco e Leão eram os dois cães de guarda, mas de guardadores nada tinham. Só se mexiam quando chegava a hora do almoço. Porque a fome apertava, lá se levantavam com esforço, dirigindo-se para o prato que o dono punha à esquina da capoeira. Depois voltavam à mesma posição. Dormiam o resto do dia com o focinho entalado entre as patas dianteiras (pode fazer-se o ressonar). Até o gato da vizinha andava por ali à vontade!
GATO TARECO: Olá Leão! Olá Farrusco!
NARRADOR: Mas Leão e Farrusco nem se mexiam.
GATO TARECO: Que bons guardas…!
NARRADOR: E seguia sem pressa frente aos narizes dos dois cachorros.
O porco Focinho e a porca Porcina roncavam o dia todo. Mal se mexiam e, com receio de caírem, encostavam-se à cerca, juntinhos um ao outro . O dono enchia o maceiro, eles comiam. Tornava a encher o maceiro, eles tornavam a comer.
PORCA PORCINA: Ai mano, levamos uma vida tão cansativa…
PORCO FOCINHO: Sim mana. Ai, como custa não fazer nada…
TODOS: ZZzzzzZzzzz…. ZZZzzzzz…
NARRADOR: As moscas e as abelhas voavam sobre as suas cabeças. Para as afugentar abanavam com força as grandes orelhas bicudas.
A vaca Mimosa ficava o dia inteiro no curral. O dono fazia a ordenha de manhãzinha cedo, quando o sol começava a acordar por detrás dos sobreiros. Mugia de contentamento durante a ordenha. Depois ali ficava com a cabeça fora da abertura do estábulo a ver os outros animais, quietinhos nos seus lugares.
VACA MIMOSA: Olá Porcina! Olá Focinho! Que tal a vida?
PORCO FOCINHO: Cá vamos indo….
PORCA PORCINA: Não queres vir cá fora um bocadinho?
VACA MIMOSA: Não. Com a ordenha fiquei muito cansada. Talvez amanhã…
NARRADOR: O cavalo Trovão passava os dias no prado a roer a erva fresquinha à sombra de uma das árvores. Ali ficava até ao pôr-do-sol, quando o dono o vinha recolher. Cavalo molengão – resmungava o dono - um prado tão bom para correr e não arreda do mesmo sítio.
Até que um dia, algo de novo aconteceu. Tinha rompido a manhã. Os animais lá estavam nos seus postos, pachorrentos, como de costume. Ouviu-se então um grande alarido que vinha do lado do prado.
VOZ: Atenção. Todos aos seus lugares! Vamos começar os jogos.
NARRADOR: Que será aquilo? A pouco e pouco todos se aproximaram do pequeno prado. Estavam lá muitas crianças e alguns adultos. Havia grande alegria. Uns jogavam à bola, outros saltavam à corda. Um grupo estava a dar início a uma corrida. Eram seis ou sete crianças em fila, com as mãos nos joelhos à espera do sinal de partida.
- Um, dois, três, partida! – Gritou um adulto com um grande boné na cabeça e um apito pendurado ao pescoço. Apitou estridentemente para dar início à corrida.
E a corrida começou.
Também havia crianças a andarem de bicicleta. Com bandeirinhas penduradas nos volantes, pedalavam felizes pelo prado.
Foi assim o dia todo. Os rostos das crianças estavam corados e sorridentes. Mesmo ao final do dia não mostraram sinais de cansaço.
Os animais da quinta estavam admirados. As crianças fartaram-se de correr, saltar e brincar e estavam tão contentes e com um ar tão saudável!
CAVALO TROVÃO: Estão assim, porque fizeram desporto. Tenho um tio que salta obstáculos….É por isso que ele tem o pelo tão liso e brilhante. Porque faz desporto.
GALINHA CORADA E GALO SEMEDO: Desporto!?
VACA MIMOSA: Com aquele desporto as crianças deviam ter ficado doentes…
NARRADOR: Aquilo dava que pensar.

(Ficam um momento pensativos)

PORCO FOCINHO: Temos de fazer desporto!
VACA MIMOSA: Anh!?
GALINHA CORADA: Acho boa ideia. Vamos todos fazer desporto.
CÃO FARRUSCO: Se fizermos desporto eu e o Leão seremos bons guardadores.
NARRADOR: Se bem o pensaram melhor o fizeram. A partir daquela altura os dias nunca mais foram aborrecidos. Os animais da quinta não param desde o nascer ao pôr-do-sol. Farruscos e Leão correm atrás de uma bola, dando grandes saltos para a agarrarem com os dentes. E quando vêem o Tareco correm atrás dele, só descansando quando o bichano trepa a oliveira centenária. A galinha Corada e o Galo Semedo dão grandes caminhadas ao redor do prado. Os pintainhos seguem-nos alegremente, com as asinhas a dar a dar. Trovão cavalga ligeiro e salta várias vezes um tronco de árvore caído no chão. Gaspar e Golias dão agora dez voltas ao tanque, mergulham e nadam debaixo de água; Mimosa corre com Porcina e Focinho. Como é muito pesada fica quase sempre para trás.

CAVALO TROVÃO: Desporto é ter o corpo bonito!
VACA MIMOSA: Desporto é ter alegria!
CÃES FARRUSCO e LEÃO: Desporto é conviver!
PATOS GOLIAS e GASPAR: Desporto é sonhar!
PORCOS PORCINA e FOCINHO: Desporto é ser elegante!
GALO SEMEDO e GALINHA CORADA: Desporto é ter saúde!
PINTAINHOS: Desporto é crescer!

                                                                             Eugénia Edviges

Um grande XI-    

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O Comboio da Paz

Fiz este poema para ser cantado pelo Coro da escola. É pena não representar a música, que foi composta pelo professor Daniel, mas de música...não percebo nada.

Mas fica o poema:

Crianças que choram
por não terem pão
oiçam o que eu digo
com muita atenção

Não tragam bagagem
nem mala de mão
esperem por mim
em cada estação

TUUUU!!!Ouve o apito!
TUUUU!!! Já vai chegar!

É o Comboio da Paz que os vai levar
Para um mundo onde podem brincar.
É o Comboio da Paz que vai seguir
Para um mundo onde podem sorrir!

Crianças que vêem
a guerra ao seu lado
Quero que conheçam
um mundo encantado.

Não tragam bagagem
nem mala de mão
esperem por mim
em cada estação.
                                                                          Eugénia Edviges

Um grande XI-    

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A MinhaTerra

As pessoas costumam afirmar que não há terra mais bonita do que a sua. Poderá ser um lugar completamente descaracterizado, recôndito, sem qualquer motivo de referência, mas é a sua terra, a mais linda do mundo!
E é verdade que todos pensamos do mesmo modo. Eu não fujo à regra e até nos meus trabalhos literários não consigo desligar-me do carinho que sinto pela minha terra e, quer na prosa quer na poesia, ela surge em cada verso, em cada frase.
Quando exclamamos que a nossa terra é a mais linda do mundo talvez nos estejamos a referir a um sentimento, um sentimento que faz com que o nosso coração bata mais acelerado como se a nossa terra fizesse parte do nosso corpo e da nossa mente.
Da emoção que sinto ao olhar a Lezíria, qual lençol bordado da minha terra, saem versos sentidos, profundos, que só eu entendo; no Largo do Calvário distingo murmúrios, que são segredos guardados e quase esquecidos. O rio, marginado pelo verde das searas e dos freixos, fica desenhado no meu olhar; E sou uma eterna apaixonada. Sim, apaixonada pela minha gente, com as suas emoções, os seus valores, os seus anseios mais profundos.
Com tudo isto há que rimar! há que escrever as quadras mais belas que imortalizem a minha terra e a minha gente. Seguem algumas das muitas que já fiz:
A minha terra é a margem
Deste Sorraia a correr
Choro a ver esta paisagem
Que um dia me viu nascer

Canta a Torre as badaladas
E eu não sei qual a razão
Porque ao passar, as malvadas
Vibram no meu coração

Passa o Sorraia, anoitece
O Largo brilha ao luar
Olho o Calvário e parece
Que a cruz está a gritar.

Cubro o Parque de encantos
Nas noites que sei rimar
E penteio os seus recantos
Com um pente de luar

A gente da minha terra
É cheia de devoção
Lamentos que o peito encerra
Em dia de procissão
E esta fi-la mesmo agora:
Por muito que entristeça
E o peito chore de dor
Foi o meu povo, de certeza
Que limou o meu valor.
Sim, a minha terra é a mais linda do Mundo!

                                                                      Eugénia Edviges

Um grande XI-